sexta-feira, 3 de junho de 2011

Este é um dia especial. Repito aqui... Nada. Veio-me o vento, mas este não é o momento. Foi uma camisa furada achada no canto da sala. Eu troco às vezes, invento por vezes e por aí vai. A continuidade seguirá seu curso, só em páginas mais adelante continuarei o segmento das ações.
(numa agenda de 2004)

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Tijolos viram poeira. É a desconstrução. São os abalos dos falsos alicerces. São os tijolos da cobertura explodindo. E uma lei prevalece: o pó cai. E da terra, foices, martelos, enxadas e machados extrairão uma nova massa e o barro será amassado novamente e dos fornos sairão: Novos tijolos, tijolos novos. 
(2008)


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Soneto
Luís de Camões

Quando a suprema dor muito me aperta,
Se digo que desejo esquecimento,
É a força que se faz ao pensamento,
De que a vontade livre desconcerta.

Assi, de erro tão grave me desperta
A luz do bem regido entendimento,
Que mostra ser engano ou fingimento
Dizer que em tal descanso mais se acerta.

Porque essa própria imagem, que na mente
Me representa o bem de que careço,
Faz-mo de um certo modo ser presente.

Ditosa é, logo, a pena que padeço,
Pois que da causa dela em mim se sente
Um bem que, inda sem ver-vos, reconheço.

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8 comentários:

dade amorim disse...

Agendas e diários às vezes nos reservam boas surpresas.
O soneto é lindo, e não entendo por que alguns poetas contemporâneos ficam vermelhos de raiva diante de um soneto.
Valeu, Vais!
Beijo pra você.

Vais disse...

Saudações, Dade,
bem vinda aqui novamente:)
Tenho umas agendas que guardo é que nelas tem muito mais uns tais escritos que outras anotações.

Dade, pra falar verdade como leitora também não era muito chegada a sonetos, é que achei enfiado numa gaveta um livro de poesias de Camões e tô amando, quem sabe já tô vendo sonetos com outros olhos.

beijos, querida e volte sempre que rolar

Jorge Pimenta disse...

toc toc toc,
finalmente consigo chegar à tua porta, querida amiga, depois desta instabilidade toda no universo dos blogues, questionando todas as ligações que por aqui vamos acendendo.
chego a tempo para te saudar e felicitar por esta escolha de camões. para mim, ele é mesmo o maior e tudo o que se lhe seguiu apenas produções que o têm como matriz geracional. como bem dizias, há tijolos que viram poeira. já a pedra, sê-lo-á sempre pedra...
um beijinho com saudades de vir aqui [e não sabendo se conseguirei entrar no teu outro blogue, por não aparecer associado ao perfil... maldito blogger :)]

Vais disse...

Pode entrar, Jorge,
como respondi à Dade, achei o livro e foi uma descoberta de encantada que estou, e olha que ele sempre esteve aqui.
Fico feliz com sua presença, também estava com saudades :)))
E o outro blogue o ao sabor não aparece neste perfil porque foi criado usando outro emeio e lá agora só consigo responder aos comentários que chegam.
Agora estarei por aqui na batida
Grande abraço pra você

OutrosEncantos disse...

toc toc...., posso entrar?!

:))

venho do teu som...
e da minha tarde..., bastante emocionada com o carinho que me deixaste por lá. e eu gosto das palavras assim, sem complexo e com verdade, porque mesmo quando as reduzem a pó são sempre recicláveis..., outros tijolos, novos tijolos...!
Camões, o eterno, esse jamais virará pó, porque não é tijolo, é pedra [alicerces indestrutíveis].
gostei de te conhecer, sou-te grata pelo rasto lá no meu canto.
beijo.

Vais disse...

ô moça destes e outros encantos, seja bem vinda nesta batida
olha, muito agradecida pelas palavras
e impressões
E reciclar se tornou urgente, mas não seria desta forma se já viesse sendo praticado ou estimulado, parece que quando o vulcão explode e expele em derramamentos o caldo quente fervendo é que nos damos conta das gravidades
beijos e tudo de bom

Anônimo disse...

2004 e 2008

ao ler estes dois apontamentos de agenda: a vida faz-se, sempre e cumpre-se

de tijolo se faz uma casa, as suas paredes
em cinzas tudo acaba, para rensacer o barro

Beijo
LauraAlberto
(não consigo comentar no meu próprio blogue, obrigada pelas suas palavras)

Vais disse...

Olá, Laura,
agradecida pela visita e comentário

e em cinzas, um dia, tudo se acabará

beijo pra você também e tudo de bom